A reportagem do programa Fantástico, exibida no dia 05 de março, contou a história da mãe que foi separada do filho após denúncias não comprovadas de maus-tratos...
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A reportagem do programa Fantástico, exibida no dia 05 de março, contou a história da mãe que foi separada do filho após denúncias não comprovadas de maus-tratos...
No dia 18 de fevereiro de 2017, foi realizada a oficina “Adolescência e Autonomia: A Experiência do Grupo nÓs", que contou com a participação do jovem estudante de artes Willian Jonathan e a equipe do Grupo nÓs, Mahyra Costivelli e Marcelo Melissopoulos...
O serviço de acolhimento deve ser um espaço no qual as crianças e os adolescentes se sintam protegidos, cuidados, acolhidos e criem vínculos de confiança que favoreçam o seu desenvolvimento integral e a construção de autonomia nesse período de transição. Estabilidade e tempo de convivência são indispensáveis para que se criem os tão necessários vínculos afetivos.
Pessoas da comunidade devem ser envolvidas nos cuidados das crianças e adolescentes a partir da parceria com a equipe do serviço de acolhimento em benefício da criança ou do adolescente: em favor de seu crescimento pessoal e do fortalecimento de sua identidade.
Veja abaixo alguns pontos importantes que devem ser considerados para a atividade voluntária qualificada dentro dos serviços de acolhimento:
- Conhecer a realidade: antes de começar o trabalho, o voluntário precisa conhecer a complexidade e delicadeza do serviço de acolhimento, entender sua função, como funciona e estar ciente de qual será sua contribuição neste cenário.
- Adoção: o envolvimento a partir de um trabalho voluntário em um serviço de acolhimento não facilita processos de adoção. Se esse for seu interesse, vá até a Vara da Infância e Juventude mais próxima a sua casa e informe-se sobre o processo para entrar no Cadastro Nacional de Adoção.
- Comprometimento: o voluntário tem um compromisso com o serviço e com as crianças e adolescentes; não pode jamais sumir ou abandonar o trabalho no meio sem considerar os vínculos estabelecidos. O voluntário só deve se comprometer com aquilo que é capaz de cumprir.
- Formação e supervisão: é preciso ter clareza de que para realizar um trabalho voluntário é necessário planejar considerando e contemplando tudo o que a entrada no serviço pode reverberar. Profissionais da área devem apoiar a ação do início ao fim.
- Consciência de seu papel: deve-se levar em consideração que o serviço de acolhimento é a casa das crianças e adolescentes e o voluntário é como uma visita. Portanto, não se deve aparecer em qualquer momento do dia sem prévio combinado, nem entrar nos quartos ou cozinha sem um convite.
- Horários: o voluntário deve cumprir o horário estabelecido, pois assim como em qualquer casa, há uma organização a ser seguida. Mudar de horário sem avisar atrapalha a rotina.
- O que gera transformação: Para que o trabalho renda efeitos positivos, este deve ser constante e não pontual; o tempo do trabalho é essencial para criar um vínculo estável e de confiança com as crianças e adolescentes.
- Cuidado com o que fala: o voluntário deve evitar o levantamento de falsas expectativas com as crianças e adolescentes. Ao optar por uma aproximação afetiva com eles, deve agir à altura de seu papel e importância em suas vidas, não repetindo histórias de rupturas.
- Ações pontuais em datas comemorativas: nessas datas, é comum chegar ao serviço uma quantidade excessiva de presentes e chocolates, muitas vezes produzindo um desafio para o serviço, que precisa realizar um processo de distribuição de tudo, cuidando para que as crianças e adolescentes se sintam protagonistas e não rotulados no lugar de carentes; para que entendam que também têm coisas a oferecer e não apenas receber. É importante que a condição do acolhimento não faça com que as crianças e adolescentes fiquem somente no papel daquele que necessita, a quem tudo falta. Eles podem e devem ser convocadas a oferecer ao mundo aquilo que têm como potência.
- Doação de coisas usadas: itens que não são mais úteis para você podem ser muito bem aproveitados pelos serviços, se em bom estado. Brinquedos quebrados, roupas rasgadas e livros mofados não são apropriados para ninguém. Coisas assim acabam dando um ar de descuido para o lugar ou criam mais trabalho para o serviço, que precisa encontrar meios de se desfazer destes adequadamente.
- Festa com voluntários pontuais: se na nossa casa, mesmo para quem é festeiro, a entrada de pessoas estranhas sempre traz um incômodo, por que ali seria diferente? Você já foi numa festa que não conhecia ninguém? Pode até sorrir mas, convenhamos, é difícil curtir de verdade. Agora pense em um monte de festas. É claro que as crianças e adolescentes gostam de se divertir mas, vejamos, o que eles precisam não é de palhaços e pirulitos junto a desconhecidos. Uma criança que vive na rua gosta de receber o trocado do farol mas sabemos que isso mantém a ordem equivocada e não promove as mudanças necessárias. Nos serviços de acolhimento é a mesma coisa: a criança ou adolescente pode até gostar de ganhar presentes de estranhos e de festas cheias de atrativos, mas isso a mantém no papel de carente. É preciso assumi-los como potentes e oferecer oportunidades para que brilhem.
Aos interessados em se envolver com as crianças e adolescentes acolhidos, sugerimos que participem de um de nossos projetos como voluntário. Caso não possa assumir um compromisso de longo prazo, procure organizações que oferecem oportunidades de trabalho voluntário qualificado.
"Metodologia de trabalho com histórias de vida na promoção de convivência e fortalecimento de vínculos familiares": este é o nome da nova publicação do Instituto Fazendo História, que nasceu da metodologia do programa Fazendo Minha História.
Este guia pretende sistematizar e difundir as ações que o Fazendo Minha História criou e utilizou junto a famílias de bebês, crianças e adolescentes que se encontram nos serviços de acolhimento. A presente publicação pretende, através da experiência do Instituto Fazendo História, inspirar profissionais dos serviços de acolhimento, padrinhos, voluntários e outros atores da rede a desenvolverem encontros descontraídos, acolhedores e respeitosos com as famílias dos meninos e meninas acolhidos.
Não se pretende, com essa publicação, esgotar todas as possibilidades de ação com as famílias. Pelo contrário, sabe-se que a rede de acolhimento realiza um trabalho muito mais amplo nesse sentido. No entanto, o Instituto Fazendo História espera que as ideias a seguir possam abrir novos caminhos e ajudar a planejar encontros potentes que fortaleçam a relação entre as crianças, adolescentes e seus familiares.
Leiam, façam o download AQUI e compartilhem!
Os servidores do Poder Judiciário de todo país que trabalham com crianças em situação de acolhimento poderão receber treinamento pelo “Programa de formação para os núcleos de preparação para adoção e apadrinhamento afetivo”.
O projeto é da Organização Não-Governamental (ONG) Aconchego, em parceria com a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e oferece curso gratuito à distância, em 80 horas, no período de 5 de abril a 31 de maio.
A iniciativa é para aprimorar os conceitos, as diretrizes e a metodologia sobre a preparação para adoção e apadrinhamento afetivo com orientações para a condução de grupos de preparação de adotantes, padrinhos, madrinhas, crianças e adolescentes cadastrados para adoção ou incluídos no Programa de Apadrinhamento Afetivo.
A psicóloga Maria da Penha Oliveira, coordenadora do programa de apadrinhamento afetivo da ONG Aconchego, disse que muitas comarcas de Justiça não fazem essa preparação de modo adequado ou de modo que promova a reflexão de desejos e da motivação, desmistificando mitos e preconceitos, trabalhando a criança idealizada, entre outros temas.
“Temos conhecimento de que algumas comarcas fazem apenas uma palestra informativa, que para nós pode resultar no maior de todos os males para a criança, que é sua devolução”, diz Penha.
Para Penha de Oliveira, a replicação da metodologia de formação em todo o Brasil possibilita que os profissionais falem a mesma linguagem nessa preparação. “É um fator importante, se pensarmos que, com o Cadastro Nacional da Adoção, os pretendentes podem adotar crianças de outra região que não a sua”, diz.
De acordo com dados do Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA), da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), estão acolhidas mais de 46 mil crianças com idade entre 0 e 17 anos. Dessas, conforme os dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), 7.201 estão para adoção e as demais em processo de destituição familiar ou em tentativa de reintegração.
Existem no Brasil 3.987 entidades acolhedoras credenciadas junto ao Judiciário.
Apadrinhamento afetivo – O apadrinhamento afetivo é um programa voltado para crianças e adolescentes que vivem em situação de acolhimento ou em famílias acolhedoras, no sentido de promover vínculos afetivos seguros e duradouros entre eles e pessoas da comunidade que se dispõem a ser padrinhos e madrinhas. O padrinho ou a madrinha se torna uma referência na vida da criança, mas não recebe a guarda, pois o guardião continua sendo a instituição de acolhimento. Os padrinhos podem visitar a criança e, mediante autorização e supervisão, realizar passeios e até mesmo viagens com as crianças.
Melhorias no cadastro – Ao assumir a Corregedoria Nacional de Justiça, o ministro João Otávio Noronha determinou que fosse realizado, por um grupo de trabalho, um levantamento das condições do sistema, identificação dos principais problemas e posterior reformulação do cadastro. Além do CNA, o grupo – instalado pela Portaria n. 36/2016 (http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=3226) – também vai avaliar possíveis mudanças relativas ao Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei e propor melhorias. Ao longo do ano, a Corregedoria vai promover workshops em diversas regiões do Brasil com todo o sistema de Justiça para debater alterações no cadastro.
As inscrições podem ser feitas aqui.
(Fonte: Conselho Nacional de Justiça)
No dia 27 de janeiro de 2017 foi realizada a oficina“Conversando sobre acolhimento familiar e primeira infância”. O evento foi dividido em três momentos: no início do encontro, os Professores Charles Nelson da Universidade de Harvard e Nathan Fox da Universidade de Maryland...
Este curta metragem espanhol, em 7 minutos, faz a gente pensar na criatividade, na imaginação e no afeto como caminhos para uma vida mais colorida. Ele transporta para a rotina de um pai e seu filho, parecidos demais um com o outro, mas com visões de mundo que estão se distanciando.
O vídeo ficou famoso no mundo todo por tratar, de maneira simples, o cotidiano da vida moderna: a rotina e a falta de cor no dia a dia.
Alike retrata a forma como encaramos o mundo ao nosso redor, muitas vezes intoxicados pela rotina que nos cerca, vamos perdendo nossa vida, deixando de lado a imaginação e o afeto...
Um curta que merece ser todos os dias da vida. Vale cada segundo!
“Adolescentes em transição: o trabalho de preparação para a vida autônoma, fora das instituições”. Esse é o livro escrito pelos profissionais do Grupo nÓs para compartilhar com os trabalhadores e estudiosos da área as reflexões, experiências e práticas construídas, avaliadas e reconstruídas desde 2011.
Nele são apresentadas as estratégias desenvolvidas nesse projeto, bem como seus fundamentos, almejando servir de inspiração para novas e melhores estratégias e políticas de garantia do exercício dos direitos dos adolescentes que vivem a transição do acolhimento para a vida autônoma.
Para fazer o download do material, clique AQUI
O Ministério da Justiça e da Cidadania lançou em outubro de 2016 um anteprojeto de lei para renovar alguns artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente no que se refere ao direito à convivência familiar e comunitária.
O anteprojeto ficou disponível para consulta pública até o início de dezembro e recebeu muitas sugestões da sociedade civil e de organizações que atuam na garantia de direitos das crianças e adolescentes, revelando diversos pontos de vista sobre a proposta. Agora, ele segue para análise no Senado, antes de ser enviado para a sanção presidencial. As mudanças têm o intuito de esclarecer e formalizar alguns pontos com relação ao serviço de famílias acolhedoras, programas de apadrinhamento afetivo e os procedimentos de entrega voluntária e adoção, nacional e internacional. Veja abaixo alguns de seus pontos principais:
FAMÍLIAS ACOLHEDORAS: a modalidade de acolhimento familiar vira prioritária para crianças de zero a seis anos.
ENTREGA VOLUNTÁRIA: já é prevista em lei, mas o projeto coloca um prazo de 2 meses para que a mãe reclame a guarda da criança ou indique um familiar para fazê-lo. Quando ausente no momento da entrega voluntária, o pai tem o prazo de 5 dias após notificação para reclamar a guarda de seu filho.
APADRINHAMENTO AFETIVO: passa a ser previsto em lei prioritariamente para as crianças e adolescentes cujas famílias estão destituídas do poder familiar, maiores de 8 anos de idade, pertencentes a grupos de irmãos, com doença crônica ou necessidades específicas de saúde. Os padrinhos devem ter mais de 18 anos e uma diferença mínima de 10 anos com relação ao afilhado e podem ou não estar inscritos no Cadastro Nacional de Adoção.
ADOÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL: que atualmente tem os estágios de convivência que precedem a adoção fixados pelo Juiz a partir das peculiaridades de cada caso, passam a ter um prazo máximo padrão de 90 dias (prorrogáveis por igual período) no caso de adoção nacional e de 15 a 45 dias no caso de adoção internacional. Propõe-se, ainda, que o prazo máximo para a conclusão do processo de adoção seja de 120 dias (também prorrogável por igual período), e que crianças e adolescentes que não tenham correspondido ao perfil dos adotantes em território nacional dentro de um ano sejam encaminhadas para a adoção internacional independentemente de decisão judicial.
Para conhecer o projeto na íntegra, clique AQUI
Família Acolhedora é uma das modalidades de serviço de acolhimento previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente e indicada, nesta lei e por especialistas, como prioritária em relação ao acolhimento institucional. Apesar disso, no Brasil, 96% das crianças e adolescentes acolhidas estão em instituições e apenas 4% em serviços de acolhimento familiar. Frente a este contexto, muitos municípios em todo o país estão realizando discussões sobre o tema e iniciando a implantação de serviços de acolhimento nesta modalidade.
Em 2016, o Instituto Fazendo História iniciou os acolhimentos em seu serviço de Famílias Acolhedoras, inaugurado em 2015. Unindo-se à campanha Fale Por Mim, liderada pela UNICEF (https://www.youtube.com/watch?v=ShddbB6fn2o) que prevê o fim da institucionalização de bebês, o Instituto optou por acolher a faixa etária de 0 a 2 anos.
O acolhimento da criança em ambiente familiar possibilita e estimula a construção de vínculos afetivos individualizados e um atendimento personalizado, garantindo o desenvolvimento integral da criança nesse período de transição, até que ela retorne para sua família ou, na impossibilidade de isso ocorrer, seja encaminhada para adoção.
Além de executar esse serviço, a equipe do Instituto tem se dedicado a fomentar discussões e formações sobre o tema, tendo participado, em 2016, do Seminário Internacional de Acolhimento Familiar no Panamá e de rodas de conversa no Interior de São Paulo, buscando multiplicar e ampliar essa modalidade de acolhimento no Brasil.
A Região Leste de São Paulo receberá nos dias 04 e 11 de fevereiro mais uma formação inicial de voluntários. A edição será especial para quem pretende atuar como voluntário nos abrigos da região.
Quem tiver interesse em participar, escreva para: contato@fazendohistoria.org.br
Nos dias 11 e 18 de fevereiro, a equipe do programa Fazendo Minha História fará mais uma formação de voluntários na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo. Podem participar interessados residentes em Jundiaí ou cidades próximas.
Para confirmar sua presença, escreva para contato@fazendohistoria.org.br
Com muito orgulho e satisfação, o Instituto Fazendo História apresenta mais uma metodologia de trabalho sistematizada. Dessa vez, é o Grupo nÓs que, a partir de agora, disponibiliza sua publicação a todos que queiram saber mais sobre o contexto do acolhimento de adolescentes e desenvolver novas estratégias de trabalho.
O Grupo nÓs tem a finalidade de estudar a especificidade do acolhimento de adolescentes e criar estratégias de intervenção que apoiem cada um deles no processo de transição para a vida fora das instituições, facilitando a construção e fortalecimento de redes de pertencimento (sociais, familiares, culturais e comunitárias) e de projetos de vida que façam sentido em suas trajetórias. O trabalho é realizado diretamente com os adolescentes e com os adultos responsáveis por eles, antes e após a saída do acolhimento, desenvolvendo um trabalho técnico que colabore para o enfrentamento dos desafios de construção de uma vida autônoma.
Esse texto foi escrito pelo desejo dos profissionais do Grupo nÓs de compartilhar com os trabalhadores e estudiosos da área as reflexões, experiências e práticas construídas, avaliadas e reconstruídas desde 2011. A finalidade de tornar público este projeto é apresentar um trabalho em desenvolvimento que sirva de inspiração para novas e melhores estratégias e políticas de garantia do exercício dos direitos dos adolescentes que vivem a transição do acolhimento para a vida autônoma.
Para ter acesso à publicação e fazer o download, clique aqui.
Vinte crianças e adolescentes de um dos abrigos parceiros do Instituto Fazendo História, o abrigo Butantã, passarão a se alimentar de produtos orgânicos, fresquinhos e sem qualquer tipo de agrotóxico. A iniciativa é da Banca Orgânica – projeto do Instituto Auá que facilita a entrega de alimentos do produtor diretamente ao consumidor. O Instituto Fazendo História fez o intermédio entre as duas entidades, possibilitando que a parceria acontecesse.
E como a parceria irá funcionar? As cestas semanais com até 15 itens orgânicos que cada associado suspender, serão doadas pelo Instituto Auá para o abrigo. E ganham, principalmente, as crianças e adolescentes que terão um cardápio mais saudável, com alimentos orgânicos mais nutritivos, livres de agrotóxicos e responsáveis por prevenir doenças. A agricultura orgânica e agroecológica trabalha respeitando os ciclos naturais de cada alimento e o que a natureza oferece nas diferentes estações, além de preservar rios, nascentes, solo e a biodiversidade local.
Apesar do desafio de se reduzir a alimentação baseada em produtos industrializados, principalmente doces e refrigerantes, é possível inserir alimentos saudáveis no cardápio infantil de forma atraente. É a opinião de Silmara Marazzi, coordenadora geral do abrigo, que diz realizar um sonho com as cestas orgânicas e a chance de pesquisar receitas com alimentos frescos e saborosos. No abrigo, eles já cultivam temperos e PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) em vasos para fins educativos, e com os orgânicos ampliam-se as possibilidades de falar aos jovens sobre o valor do meio ambiente.
O Instituto Fazendo História, por ser um defensor da alimentação mais natural e menos industrializada, principalmente para as crianças e jovens, fica feliz com a nossa parceria e torce para que isso se estenda a outros abrigos.
O projeto vem se desenvolvendo de forma bem sucedida e encontra-se em sua etapa final! Nos últimos meses, a Associação São Luiz (São Bernardo do Campo), Lar Escola Municipal de São Caetano do Sul, Abrigo Municipal de Mauá, Lar Sol da Esperança (Mauá), Casa Raio de Sol (Fundação Criança – São Bernardo do Campo) e Casa Arco-Íris (Fundação Criança – São Bernardo do Campo) se dedicaram a planejar e executar o evento literário “Mar de Histórias”! Foram realizados ao todo 6 eventos – 1 por serviço de acolhimento – em espaço público no município onde estão localizados. Esses eventos foram regados a brincadeiras e boas leituras! Crianças e adolescentes acolhidos se divertiram e se sentiram potentes por poder oferecer uma atividade divertida para todos que transitavam na praça, parque ou shopping!
Além disso, nos últimos meses, crianças e adolescentes seguem participando de encontros individuais de mediação de leitura e registro das histórias de vida através de atividades lúdicas e artísticas.
No dia 8 de novembro, realizou-se o 3º seminário participativo na sede da Fundação Criança, em São Bernardo do Campo. Este encontro, que contou com a participação de representantes das equipes das instituições contempladas, teve como objetivo refletir sobre os resultados obtidos e planejar a continuidade da metodologia em cada uma das instituições participantes. As atividades realizadas ao longo do dia permitiram que os profissionais discutissem os avanços e os desafios encontrados na implementação do projeto e que pensassem em conjunto sobre novas estratégias de trabalho. Foi um encontro inspirador e motivador, a continuidade autônoma do projeto promete ser um sucesso!!
Nas semanas seguintes, foram feitas reuniões de supervisão para acompanhamento e avaliação das ações do projeto em cada serviço de acolhimento. Nesses encontros foi possível criar estratégias e planejar a continuidade da metodologia de acordo com as particularidades de cada organização.
A partir de agora, os serviços de acolhimento contemplados estão prontos para darem continuidade às ações da metodologia de forma autônoma!
O valor da empatia reativa o interesse pelas pessoas que nos cercam e, dessa maneira, desenvolver relações harmônicas, pois às vezes as preocupações e a correria do dia a dia nos levam a centrar-nos em nós mesmos e a tornar-nos indiferentes diante dos outros. Diversos autores, palestrantes e acadêmicos já falam da empatia como algo necessário num mundo tão individualista. Recentemente, foi a vez de estudiosos da educação pensarem o tema e o inserirem no cotidiano das escolas do Brasil.
Pensando nisso, a Ashoka e o Instituto Alana desenvolveram a publicação "A importância da empatia na Educação". Composta por nove artigos, o livro é fruto de uma roda de conversa realizada entre os autores, que decidiram sistematizar os debates em forma de textos.
Os artigos falam em "importância da famílias na escola", resolução de conflitos cotidianos, transformação social, solidariedade, entre outros temas.
Com a publicação, espera-se contribuir para que educadores, artistas, pais, coordenadores de centros culturais, diretores de escolas e demais profissionais comprometidos com a formação de crianças e jovens participem do debate sobre a importância de promover a empatia como um valor e uma competência primordial.
A ideia da leitura é que as reflexões despertem inquietações e ações que contribuam para práticas educativas que não separem inteligência emocional e intelectual, pois elas vivem juntas. E que esse entendimento seja disseminado e defendido por todos aqueles que acreditam num mundo mais amigável.
Para fazer o download da publicação, clique aqui
Um dos integrantes da equipe técnica do Instituto Fazendo História, Renato Fonseca, escreveu recentemente um artigo sobre o acolhimento institucional no Brasil e os caminhos já percorridos. O texto, que foi escrito em parceria com Roberta Ecleide de Oliveira Gomes, aborda as transformações do acolhimento e as intervenções do Estado até os dias atuais.
O texto relata também a experiência prática de coordenação de um serviço de
acolhimento institucional e suas interfaces com o poder público e o terceiro setor, demonstrando o processo de deliberação do serviço, enquanto política pública.
O trabalho, construído durante os anos de 2010 a 2014, relata ainda a rotina no atendimento de crianças e adolescentes com a perspectiva de construção da autonomia.
Para ter acesso ao artigo, clique AQUI
O Instituto Fazendo História publica periodicamente situações cotidianas dos serviços de acolhimento, para estimular reflexões e a construção de estratégias a partir de critérios técnicos e não pessoais.
As situações apresentadas fazem parte do kit de Formação “Vamos Abrir a Roda” e abrangem diferentes temáticas: adolescência, bebês, agressividade e limites, histórias de vida, ritos de passagem, entre outras.
Para pensar! O tema das DUAS situações de hoje é: Ritos de Passagem
Situação 1
Mikael (8), Luana (7) e Felipe (4) são irmãos e acabaram de chegar à casa. Ainda não sabemos bem o motivo pelo qual estão aqui, tentamos conversar com eles, mas entendemos ainda pouco sobre essa família. Está chegando a hora de dormir e eles dizem insistentemente que querem dormir juntos... Mas a regra aqui da casa é que os quartos são separados por idade e sexo. E agora?
Considerando todas as mudanças e rupturas que as crianças e adolescentes passam no momento em que são acolhidas, pode-se pensar que a presença dos irmãos seja um fator bastante amenizador deste sofrimento. Na situação apresentada, é possível pensar que os irmãos costumavam dormir juntos na sua casa ou que a possibilidade de ficarem juntos ali traz um tanto de segurança para essa situação. Entendendo que o momento da chegada como um processo de adaptação, talvez possa ser criada alguma flexibilidade na regra dos quartos para construir uma transição: que valide e apresente as regras da casa, mas considere a história e a adaptação das crianças. Vale pensar em itens que promovam maior conforto e segurança às crianças e as ajudem neste processo, como por exemplo, ler histórias e conversar na hora de dormir, oferecer um bichinho de pelúcia para “acompanhá-la”.
Situação 2
Tábara (5) e Talita (3) foram acolhidas já com o poder familiar destituído e sabíamos que seria rápido o encaminhamento para uma família adotiva. Depois de três meses de convivência na casa e dois finais de semana com a família, o juiz já deu a guarda provisória para a família adotante. Eles foram passar o final de semana e não voltaram. Não deu tempo de se despedirem das outras crianças, nem dos educadores.
Uma situação como esta, apesar de nos deixar felizes por um lado (pelo sucesso na concretização da adoção), mobiliza fortes sentimentos em todos na casa. A brusca ruptura não deixa espaço para que crianças, adolescentes e profissionais elaborem a separação da criança com quem estabeleceram um forte vínculo no período de convivência. Para as crianças e adolescentes, é muitas vezes um momento de dar-se conta de que “mais um foi e eu fiquei”. A ausência de algo que marque o desligamento de um dos acolhidos dá, ainda, a sensação de que o período vivido no abrigo e as relações construídas neste tempo não são tão importantes assim. Sempre que possível, é interessante que a equipe da casa promova um ritual, que ajude quem vai e quem fica a lidar com a despedida de forma positiva. Sentir que quem vai deixa a sua marca e também leva algo deste período consigo é essencial, e concretizar essa premissa em forma de fotos, cartas e produções artísticas costuma ajudar.
Quando ocorrerem saídas bruscas, seja por qual motivo for, é possível ainda pensar em estratégias reparadoras, como por exemplo, uma roda de conversa com as crianças e educadores, organização de uma visita das crianças adotadas às casa para um encontro final, o envio de cartas de despedida ou telefonemas, em último caso.
Das coisas que nunca esqueci como repórter foi uma entrevista num abrigo, em Brasília. A responsável me explicou que havia casos de crianças “devolvidas” depois de adotadas, porque simplesmente as famílias desistiam. Como assim? Uma criança não pode ser tratada como uma mercadoria “com defeito” que a loja aceita de volta!
Os motivos, segundo ela, eram do tipo: “eu descobri que estou grávida, por isso não quero mais” ou "eu não imaginei que ele me daria tanto trabalho”. Fiquei muito impressionada. Imagine a cabecinha de uma criança dessas? Ela me disse ainda que crianças assim voltam para o abrigo destroçadas. É preciso um longo caminho para que elas confiem em alguém novamente. Claro que esta não é uma situação comum, mas só de saber que existe…
Christina Romo foi adotada aos 2 anos de idade, mora nos Estados Unidos e trabalha numa organização de apoio à adoção. Com a autorização dela, eu traduzi um texto com dez dicas que ela tem pra dar a pais adotivos ou para quem mais se interessar pelo tema. Vale a pena conferir o que Christina diz:
1. Impossível ignorar que perder os pais de nascimento é traumático para uma criança. Esta perda será sempre uma parte de mim. Irá moldar quem eu sou e vai ter um efeito sobre meus relacionamentos - especialmente a minha relação com você.
2. O amor não é o suficiente para a adoção, mas certamente faz a diferença. Diga-me todos os dias que eu sou amada - especialmente nos dias em que eu não estou particularmente adorável.
3. Mostra-me - por meio de suas palavras e ações - que você está disposto a resistir a qualquer tempestade comigo. Eu tenho dificuldades em confiar nas pessoas por causa das perdas que experimentei na vida. Mostre-me que eu posso confiar em você. Mantenha sua palavra. Eu preciso saber que você é uma pessoa segura na minha vida, e que você vai estar lá quando eu precisar de você e quando eu não precisar de você.
4. Eu sempre acho que você vai me abandonar, não importa quantas vezes você me diga ou me mostre o contrário. A idéia de que "as pessoas que me amam vão me deixar" foi incutida em mim e será para sempre uma parte de mim. Eu posso querer te afastar de mim para me proteger da dor da perda. Não se importe com o que eu diga, eu preciso de você para me mostrar que você nunca vai desistir de mim.
5. Eu preciso de você para me ajudar a aprender sobre a cor da minha pele ou minha cultura de origem, porque é importante para mim. Eu não me pareço com você, mas eu preciso de você me dizendo - por meio de suas palavras e ações - que não há problema em ser diferente.
6. Eu preciso de você para ser o meu advogado. Haverá pessoas em nossa família, na escola, na vizinhança, na sala de espera da consulta pediátrica… que não entendem sobre adoção. Eu preciso que você explique a elas sobre isto.
7. Em algum momento posso perguntar ou desejar procurar minha família biológica. Você pode até me dizer que estas pessoas não importam, mas não ter esse tipo de conexão deixou um vazio na minha vida. Você sempre será a minha família. Se eu perguntar ou procurar pela minha família biológica, isso não significa que eu te ame menos. Viver sem o conhecimento da minha família biológica tem sido como trabalhar num quebra-cabeças com peças faltando e saber sobre ela pode me ajudar a me sentir mais completa.
8. Por favor, não espere que eu seja grata por ter sido adotada. Eu suportei uma tremenda perda antes de me tornar parte de sua família. Eu não quero o discurso "você me salvou e eu deveria ser grata" pairando sobre a minha cabeça. Adoção é algo sobre a formação de famílias para sempre e não sobre “caridade” para uma criança.
9. Não tenha medo de pedir ajuda. Posso precisar de ajuda para lidar com as perdas que experimentei e outras questões relacionadas com a adoção. Talvez você também precise e isso é completamente normal. Junte-se a grupos de apoio para famílias adotivas, por exemplo. Isso pode exigir que você saia de sua zona de conforto, mas vai valer a pena.
10. A adoção é diferente para todos. Por favor, não me compare com outros adotados. Apenas veja a experiência dos outros para que isso lhe ajude a encontrar a melhor maneira de me entender. Respeite-me como um indivíduo. Nossa jornada nunca vai acabar; não importa o quão instável a estrada possa ser, e independentemente de onde ela pode levar, o fato de estarmos juntos nesta mesma estrada vai fazer toda a diferença.
Se por acaso você quiser saber mais sobre os meios legais para se adotar uma criança no Brasil, visite a página do Cadastro Nacional de Adoção.
Fabiana Santos é jornalista e mora em Washington-DC. Ela é mãe de Felipe, de 10 anos, e Alice, de 4 anos. Este texto é, de alguma forma, uma homenagem a dois amigos dela, que geraram filhos do coração.
Texto extraído do blog Tudo Sobre Minha Mãe