O Instituto Fazendo História publica periodicamente situações cotidianas dos serviços de acolhimento, para estimular reflexões e a construção de estratégias a partir de critérios técnicos e não pessoais.

As situações apresentadas fazem parte do kit de Formação “Vamos abrir a roda”  e abrangem diferentes temáticas: adolescência, bebês, agressividade e limites, histórias de vida, ritos de passagem, entre outras.

Para pensar! O tema das duas situações de hoje é: Sexualidade/ Adolescência


Situação 1 - “Começo de namoro”:

Camila e Márcio, dois adolescentes da casa, contaram que começaram a namorar. E agora? Podemos permitir que isso aconteça? O que fazer?

Para além de pensar sobre permitir ou não um namoro entre adolescente, já que na maioria das vezes isso é algo que não conseguimos controlar, vale pensar em como lidamos com este fato. Muito provavelmente Camila e Márcio vão namorar, independentemente das regras que serão impostas. É possível pensar então no que se pode e no que não se pode fazer dentro do serviço, em quais são as regras para os namoros. Exemplos: pode ficar de mãos dadas, não pode se beijar dentro da casa, pode ir ao cinema sábado à tarde, etc. Também é importante considerar como as outras crianças e adolescentes veem a situação, e quais assuntos e perguntas este fato mobiliza, para que os educadores e equipe pensem em estratégias para trabalhar limites e orientar o grupo.

Situação 2 - “Excesso de abraços e beijos”:

Daniela tem 14 anos e é portadora de deficiência intelectual. É bastante infantilizada e tem mostrado uma sexualidade muito exagerada. Não para de abraçar e beijar a todos e temos dificuldades em colocar limites. O que fazer?

Neste caso, precisamos de muita afetividade para compreender o desejo de Daniela como algo legítimo e ajudá-la a encontrar canais de expressão aceitáveis. Reprimir não irá ajudar e, deixar que ela se expresse de forma equivocada, incomodando os outros, também não nos parece ser um bom caminho. Explicar o porquê do não e dos limites é importante.  Dizer como o outro sente, contar que precisamos respeitar o desejo e corpo do outro, além do nosso próprio. Também é importante considerar que existem outras formas muito saudáveis de Daniela direcionar sua energia sexual: esportes, artes, dança… Os limites devem ser colocados, mas é preciso apresentar propostas para além do “você não pode fazer isso”. O que ela pode sim, fazer? Buscar estas alternativas é fundamental.

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