Desde que os serviços de acolhimento deixaram de ser orfanatos, cujo trabalho não existia uma preocupação com a formação integral da criança, o dia-a-dia nessas instituições busca ser o mais parecido possível com o de uma família. E essa nova visão sobre a acolhida de crianças e adolescentes levou logicamente a uma mudança sobre o papel de quem cuida deles. Assim, todo adulto que trabalha com essas crianças é muito mais do que um funcionário, um monitor ou simples instrutor, como já foram chamados. Todos eles são educadores, no sentido mais amplo do termo.

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Afinal, tão importante quanto servir as refeições, organizar a rotina, ajudar nas tarefas ou levar ao médico é saber lidar com os conflitos, sofrimentos e com a história de cada um. E isso só é possível quando se estabelece um verdadeiro vínculo afetivo com aqueles meninos e meninas, que lhes dê confiança para expressar seus sentimentos. Ao mesmo tempo, o educador deve estar preparado para não deixar suas próprias emoções e valores interferirem negativamente, por exemplo tentando substituir a família da criança.

No entanto, no período em que esses meninos e meninas estão afastados da família, o educador tem um papel fundamental ao ajudá-lo a visitar a sua história. São muitos os momentos e oportunidades em que surgem temas dolorosos, que abrem uma janela para o passado da criança. Mesmo que seja difícil, ou que exija que o adulto lide com seus próprios conflitos, falar sobre esses assuntos traz alívio e ajuda a compreender comportamentos ou situações, como enurese ou agressividade.

Assim, situações simples do cotidiano - seja ao contar uma história, acompanhar a lição, ou fazer um desenho ou brincadeira – se tornam uma oportunidade única para dar novos significados às suas vivências anteriores daquele jovem. E, com isso, abrir caminho à descoberta das próprias potencialidades para vislumbrar um futuro.

Colaborou Gabriela Cupani