Aconteceu na segunda feira, dia 13 de novembro, no Fórum da Lapa, o 5º Seminário de Formação sobre Apadrinhamento Afetivo, realizado pelo Instituto Fazendo História, em parceria com o Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio do apoio da Fundação Salvador Arena. O encontro teve como objetivo disseminar a metodologia do Programa para que mais serviços de acolhimento, em parceria com Varas da Infância e Juventude de SP, possam tomar conhecimento e colocar em prática algo que, muitas vezes, já acontece informalmente.
O seminário foi aberto pela Drª Carla Montesso Eberlein, juíza da Vara da Infância e Juventude da Lapa. “Acredito que para os jovens que permanecerão acolhidos, o apadrinhamento é a melhor alternativa que se apresenta”, reforça. “Sem falar que tem uma coisa que a política pública tem dificuldade de oferecer: o afeto”. Na sequência, a equipe do Instituto apresentou o que é um Programa de Apadrinhamento Afetivo estruturado e suas bases legais, presentes, por exemplo, no Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária.
Em seguida, todos os participantes foram subdivididos em grupos menores para trabalharem. As conversas trouxeram inúmeras questões sobre o que é o apadrinhamento, quais são as principais dúvidas e receios sobre ele e o que é necessário para sua implementação. A função do padrinho afetivo, por exemplo, foi explorada em profundidade, com o objetivo de alinhar a compreensão sobre este papel, passo fundamental para o estabelecimento de programas de Apadrinhamento Afetivo de qualidade.
Por definição do dicionário, padrinho ou madrinha significa proteger/defender. É sinônimo de amparo, de favor. Por definições sociais e culturais, padrinho ou madrinha é aquele que provê algo a uma criança ou adolescente que necessita. E por definição humana, o que seria? É aquele que provê o afeto. Que dá e recebe atenção e carinho, que troca, que está presente e que se faz presente. Estamos falando de um padrinho que tem no nome e na prática a função do cuidar, acompanhar o afilhado, estar ao seu lado, apoiá-lo. Um encontro humano que faz com que um seja parte integrante da vida do outro. Diferente de voluntários (às vezes também chamados de padrinhos) que não estabelecem de fato uma relação e um compromisso com a criança ou adolescente. Tais voluntários podem contribuir com o trabalho dos serviços de acolhimento, mas é preciso diferenciá-los dos padrinhos e pensar em sua função a partir de sua real disponibilidade.
Neste seminário, foram apresentadas todas as etapas para a construção do Apadrinhamento Afetivo, que começa com a mobilização da rede junto ao serviço de acolhimento institucional e com a divulgação do programa, via mídia, canais de comunicação e boca a boca, para sensibilizar a comunidade e convidar os interessados para uma primeira apresentação sobre o que é ser um padrinho. O processo corre daí, numa sequência de formações da equipe do próprio serviço e das pessoas com perfil para serem padrinhos e madrinhas. Em paralelo, o mesmo acontece com as crianças e adolescentes que serão incluídas no programa. É fundamental alinhar expectativas e combinados do que é ser um padrinho ou madrinha e do que é ser um afilhado ou afilhada. “E entender que essa relação terá dias bons e dias ruins é de extrema importância para a constância desse trabalho e desse vínculo”, afirma Mônica, coordenadora do Programa de Apadrinhamento do Instituto.
O seminário foi finalizado depois de outro trabalho em subgrupos para que os participantes vivenciassem um pouco do papel de cada ator que compõe o programa. Foram trazidas para reflexão uma série de situações que normalmente são vividas por profissionais dos serviços de acolhimento, padrinhos, madrinhas, crianças e adolescentes. Cada subgrupo mergulhou nas dúvidas e dificuldades para construir saídas potentes e bons encaminhamentos para cada caso lido. Foram questões que abordam a primeira saída com o padrinho; a vontade de um adolescente de trocar de madrinha; a visita à casa do padrinho; um pedido da escola para ajudar uma criança que está com mau comportamento, entre muitas outras, permitindo reflexões sobre o que deve se tornar uma prática. Uma forma de tocar a rede para algo que é tão único e importante: a troca afetiva.
Para ampliar e qualificar a prática de apadrinhamento nos serviços de acolhimento, os seminários continuarão em 2018 em outras varas regionais de São Paulo. Seguimos engajados em ampliar esse programa para garantir, cada vez mais, o direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes acolhidos.
Se você pretende saber mais sobre a implementação do Apadrinhamento Afetivo, veja o Guia de Implementação e Gestão do Apadrinhamento.
Dúvidas sobre o programa podem ser encaminhadas para monica@fazendohistoria.org.br