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Mariana Facanali Angelini, terapeuta do Com Tato desde 2015

"Atender crianças e adolescentes que estão sob responsabilidade de uma instituição demanda manejos específicos e também, no que diz respeito à análise de cada criança, cada processo, cada sujeito, cada atendimento é único. Pude testemunhar, nesses anos de trabalho, como cada criança/adolescente encontrou um jeito de dizer sobre seu sofrimento: através de brincadeiras de faz-de-conta, de músicas, criando histórias e personagens. Poder dar lugar àquilo que dói, que provoca questão, que não se pode entender é um primeiro passo para inventar recursos para lidar com o sofrimento. A iniciativa do Com Tato em estabelecer parcerias com profissionais que se disponibilizam a atender crianças, que estão sofrendo, e que estão em situação de acolhimento, ou seja, que dificilmente chegariam aos consultórios particulares, é muito importante. Nesse trabalho, pude testemunhar como a análise pode fazer diferença no modo como cada um lida com aquilo que lhe aconteceu. Ter um espaço para significar, ressignificar, elaborar é poder transformar o modo como se enxerga e como se lida com situações de desamparo e sofrimento".


Thais Garrafa, supervisora do Com Tato desde 2011.

"As supervisões do Com Tato são espaços vivos e de profundo engajamento. As reflexões nos conduzem invariavelmente às bases da clínica, onde se articulam a função da família e da educação, bem como às soluções solitárias e autorais que cada um inventa para si. As histórias árduas vividas pelas crianças e adolescentes atendidos comparecem de formas diversas: no silêncio, na fala desenfreada, no submetimento, na insubordinação, no choro ou até mesmo no riso que não pode sair de cena... Os terapeutas se debruçam na escuta de cada caso, mas por vezes se deparam com desafios relativos à necessária participação dos adultos na clínica com crianças. Além dos técnicos dos serviços de acolhimento, sempre presentes de algum modo, procuramos, em cada atendimento, identificar que adultos podem ajudar a criança a contar sua história e mudar sua trajetória. Como e quando acessar às famílias? Como potencializar a articulação com profissionais da vara? Como oferecer escuta e acolhimento à família substituta? As reuniões de rede são espaços fundamentais para compartilhar experiências e trabalhar coletivamente na construção de saídas para esses desafios"


Ana Rita de O. Leme Costa, Psicóloga Judiciária, Vara da infância e juventude Foro Regional III Jabaquara

“A proposta de trabalho do Com Tato é essencial àqueles que, pelas mais diversas razões, têm suas vidas atravessadas por um acolhimento institucional. É de importância ímpar que crianças e adolescentes sejam recebidos por profissionais especialistas nas temáticas que as envolvem e que oferecem a elas escuta e interlocução, ajudando-os na elaboração destas vivências. As famílias e profissionais que atuam diretamente no caso também são inseridos no trabalho do Com Tato, colaborando com a análise das singularidades e com a produção de um material de grande riqueza para o estudo de cada caso, para a tomada de decisões e realizações de encaminhamentos. Para nós da VIJ esta é uma parceria que acrescenta em demasia no trabalho que realizamos, podendo inclusive se estender para além do acolhimento, oferecendo suporte às novas configurações familiares (seja quando ocorre o retorno à família de origem, seja quando ocorre a inserção em uma família substituta)".